terça-feira, 29 de outubro de 2013

DE VOLTA PARA O PASSADO


J.J. Abrams, diretor de Lost e Star Trek, escreveu um livro de ficção. Na verdade, o livro foi escrito 'a quatro mãos'. Quem escreveu mesmo - no sentido estrito do termo - foi Doug Dorst e, pelo que apurei, Abrams colaborou na elaboração do enredo usando toda sua experiência em narrativas cinematográficas. 

O livro chama S. e conta duas histórias cruzadas: a primeira está nas páginas do livro propriamente dito e chama Ship of Theseus escrita por um misterioso autor de nome V.M. Straka; a segunda acontece em anotações feitas nas margens desse livro por dois leitores chamados Jennifer e Eric. O relacionamento deles também extrapola os limites do livro e acontece por meio de cartas, recortes de jornal, fotografias, cartões postais, mapas e bússolas. Ufa! Como a explicação ficou um pouco confusa, recomendo que você assista esse trailer para compreender tudinho.

Em reportagem para o New York Times, Abrams disse que não publicou o livro com intenção de transformá-lo em filme. A ideia era fazer aquilo que só um livro pode fazer e celebrar todo o potencial de objeto físico. Por isso, S. tem um tratamento especial: vêm em capa dura num estojo selado por um adesivo que o leitor precisa rasgar, as páginas são amareladas (para dar aquele aspecto de livro antigo), as anotações dos leitores são todas feitas à mão em cores variadas e tem os complementos que falei antes (cartas, recortes de jornal, fotografias etc.). Os entusiastas daqueles livros transmídia devem estar lamentando - embora o livro tenha recebido um bom projeto de marketing na internet com o trailer e o mistério envolvendo sua divulgação.

Vai revolucionar a literatura? Certamente não. É um livro de mistério, aventura e ação que promete aos leitores (e fãs de J.J. Abrams) muitos momentos de entretenimento para juntar as peças do quebra cabeça para decifrar o enigma por trás das histórias.

A dupla de autores acerta em cheio ao criar um livro com todas essas características em plena era dos livros digitais. S. vai ganhar uma versão digital com material na internet, mas a experiência física só com o livro mesmo.

Também acho curioso o fato das duas histórias ocorrendo em paralelo e ao mesmo tempo. Cabe ao leitor, tal qual uma câmera cinematográfica, escolher o que focar em cada momento. Nisso entra a experiência de Abrams como escritor/diretor. Volto a dizer, não é a primeira vez que alguém faz isso na literatura (o que é novo hoje em dia, né?). A diferença, dessa vez, está na grife de um celebrado diretor de Hollywood que sabe a maneira correta de contar histórias para o seu público.

Tem tudo para entrar em todas as listas de 'mais vendidos'. As editoras brasileiras devem estar de olho (um comentário em forma de cochicho: considerando o peso da marca J.J. Abrams os direitos de publicação vão custar uma pequena fortuna), mas vai dar um pequeno trabalho traduzir o livro, criar as fontes, imprimir com essas características vintage e produzir o material extra.

Vamos acompanhar! 

*Imagem: reprodução.

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