quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

MADAME BOVARY C'EST MOI


Segunda-feira foi aniversário do escritor Gustave Flaubert. A data não teve nenhuma comemoração especial, mas se estivesse vivo ele estaria completando 190 anos. Nunca tive notícia de uma pessoa que tenha vivido tanto. De acordo com a Wikipédia a pessoa mais velha do mundo foi uma francesa chamada Jeanne Calment que morreu com 122 anos e 164 dias de vida (alguém confirma a informação?). Infelizmente, Flaubert não teve a mesma sorte que ela, embora também fosse francês. Ele morreu subitamente em maio de 1880, aos 59 anos.

Usar o epíteto “o maior escritor de todos os tempos” é chover no molhado. Seus feitos como criador de um estilo novo e moderno já foram cantados em verso e prosa. Por isso, tentei encontrar alguma história curiosa e diferente. Algo como o papagaio empalhado que ele pegou emprestado do Museu de História Natural de Rouen para escrever a novela Um coração simples (publicado em Três contos com tradução de Samuel Titan Jr. e Milton Hatoum). A história é tão fantástica e engraçada quanto verdadeira. Virou até um belo romance nas mãos de Julian Barnes. Roberto Pompeu de Toledo também confirmou a versão num ensaio para o primeiro número da Revista Piauí.

Inútil dizer que não encontrei nenhum “causo” inédito – pura ingenuidade da minha parte. No entanto, para não dizer que fiquei a ver navios, me deparei com uma nova edição do clássico Madame Bovary – costumes da província que acabou de sair pelo selo Penguin-Companhia. A tradução ficou a cargo de Mário Laranjeira. Uma bela maneira de comemorar os 190 anos de Flaubert já que a edição conta com apresentação de Charles Baudelaire, introdução de Geoffrey Wall e prefácio de Lydia Davis.

E aqui vale um comentário: além de ser uma escritora reconhecida, Lydia Davis também é tradutora do francês. No ano passado ela publicou uma nova tradução de Madame Bovary para o inglês que foi um sucesso na crítica anglófona. A história mais curiosa sobre o burburinho em torno dessa tradução surgiu quando a Playboy norte-americana publicou um trecho do livro em primeira mão. Emma Bovary emplacou uma chamada na capa da revista como o romance mais escandaloso da literatura.

De fato, quando foi publicado o romance foi um escândalo – levou Flaubert aos tribunais por imoralidade. Porém, Emma é muito casta quando colocada ao lado do conteúdo que a Playboy publica.

Para quem ficou curioso, a Playboy publicou um trecho do capítulo IX, da segunda parte. Quando Rodolphe leva Emma para um passeio. Vou tentar encontrar o trecho na tradução do Mário Laranjeira e depois volto.

*Imagem: reprodução do filme homônimo de Claude Chabrol com Isabelle Huppert no papel de Emma Bovary.

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Um comentário:

  1. Flaubert foi realmente um alquimista da literatura. Madame Bovary me deixou extasiado. Abraços!

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