segunda-feira, 28 de novembro de 2011

UMA ANOTAÇÃO DE RICARDO PIGLIA

Em tempos de discussões sobre a literatura, a internet, a crítica, o autor, a obra e as afirmações de Paulo Coelho nada melhor do que Ricardo Piglia para iluminar nossos pensamentos:
A narração social se deslocou do romance para o cinema e depois do cinema para as séries, e agora está passando das séries para os facebooks e twitters e demais redes da internet. O que envelhece e perde a vigência fica solto e mais livre: quando o público do romance do século 19 se deslocou para o cinema, foram possíveis as obras de Joyce, de Musil e de Proust. Quando o cinema é relegado como meio de massa pela TV, os cineastas dos "Cahiers du Cinéma" resgatam os velhos artesãos de Hollywood como grandes artistas; agora que a TV começa a ser substituída massivamente pela web, valorizam-se as séries como forma de arte. Em breve, como o avanço tecnológico, os blogs e os velhíssimos e-mails e as mensagens de texto serão exibidos nos museus. Que lógica é esta? Só se torna artístico -só se politiza- o que caduca e está "atrasado".
Observações de Ricardo Piglia, retiradas de seus diários em Princeton e publicadas pelo caderno Ilustríssima com tradução de Paulo Werneck.

*Imagem: "Mammon" por Mariana Fonseca / Reprodução.
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