segunda-feira, 11 de abril de 2011

TWITTERATURA EXPERIMENTAL


Desde que surgiu, o Twitter tem servido como um grande laboratório para várias experiências literárias. Muitos escritores usam o serviço para criar micro-histórias tristes, engraçadas, curtas, longas, de todo o jeito. Não sei se a ferramenta resultou frutífera para o negócio, mas tem gente tentando fazer a sua parte e experimentando sem saber direito aonde a coisa vai dar.

É o caso do escritor americano John Wray, autor do livro Afluentes do rio silencioso - que saiu pela Companhia das Letras. Fiquei sabendo esses dias que Wray mantém uma conta no Twitter e está criando uma história sem nome com uma personagem chamada Citizen. O negócio todo começou depois que ele recebeu um conselho do seu editor: "abra uma conta no Facebook e no Twitter". Ele obedeceu prontamente, mas logo ficou cansado de ver apenas links e vídeos do Youtube. Então decidiu usar o Twitter para criar algum projeto de ficção. Citizen era uma personagem que tinha sido cortada do romance Afluentes do rio silencioso e servia perfeitamente para colocar a ideia em funcionamento.

Uma rápida olhada no experimento deixa a sensação de que o formato da história é bem solto. Não pretende ser um romance, um conto ou uma narrativa clássica. Cada tweet é auto-suficiente, contém duas ou três sentenças e faz a história avançar. Tudo é tão aberto e indefinido que Citizen pode tomar qualquer rumo. Wray disse que não pensou num final determinado, a experiência pode acabar a qualquer momento ou pode durar muito. As atualizações também não são frequentes, às vezes Wray fica meses sem escrever.

O que é bem curioso na experiência é o fato do escritor saber exatamente tudo aquilo que ele não quer. Ele tem plena consciência de que o Twitter é um meio que exige um gênero de escrita distinto do que existe e luta para fazer isso valer.

Seguindo outra linha, acho que a experiência mais frutífera envolvendo o Twitter foi aquela que rendeu um livro de sucesso no mundo anglófono: Twitterature. Alexander Aciman e Emmett Rensin usavam os famigerados 140 caracteres para transformar grandes clássicos da literatura em versões resumidas e bem humoradas de até vinte tweets ou menos. Acredite, tem até Anna Karenina, de Liev Tolstói.

Pegamos carona na ideia e também fizemos o nosso Clássicos da Twitteratura Brasileira - se não me engano os livros estão esgotados pois faziam parte de um projeto especial.

Justin Halpern também foi outro caso que começou escrevendo no Twitter e acabou publicando um livro chamado Meu pai fala cada m*rda. O rapaz registrou no Twitter algumas pérolas da sabedoria popular proferidas pelo pai. Depois de um tempo, Halpern reuniu o material num livro contando a história dele e da sua relação com o pai.

Alguém mais se lembra de boas experiências literárias no Twitter?

*imagem: reprodução.
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