quinta-feira, 24 de março de 2011

LORIN STEIN É UM FANFARRÃO?

Desde que assumiu o comando da Paris Review no ano passado, Lorin Stein está recuperando o glamour que andava um pouco sumido da revista. Dizer uma coisa dessas da maior revista de literatura do mundo (e uma das mais prestigiadas também) pode parecer uma heresia. Porém, basta ver o frisson que Stein tem causado em torno da revista a cada movimentação que ele faz. Todo mundo está com os olhos voltados para a revista a fim de saber qual será a próxima surpresa que ela vai trazer.

A surpresa fundamental, na minha opinião, é a ligação com a internet. O site da revista foi totalmente reformulado, ficou com um estilo bem atraente e ganhou blog, tumblr e twitter - será que tem facebook também? Além disso, alguns textos do extenso arquivo foram abertos na íntegra para consulta dos leitores. No mês passado a revista anunciou que vai publicar em partes o romance póstumo de Roberto Bolaño.

Posso estar enganado, mas a gente quase nunca ouvia falar de mudanças que chamassem tanto atenção enquanto Philip Gourevitch era editor - ele ocupou o cargo de 2005 até o começo do ano passado. Dizem os críticos que Gourevitch enfatizava demais os textos de não-ficção e publicava muita fotografia - atitudes que desagradavam os leitores mais antigos da revista e interessados em literatura.

Lorin Stein tem apenas 37 anos. Ele é visto por muitos como uma espécie de reencarnação de George Plimpton - o lendário fundador e editor da Paris Review. Stein carrega a experiência de ter trabalhado numa das editoras mais influentes de Nova York: a Farrar, Straus and Giroux. Foi ocupando o cargo de editor que ele entrou em contato com figuras importantes do meio literário e acabou se tornando uma pessoa querida entre escritores, editores e agentes. Evidentemente, ele não vive apenas de prestígio e provou que tem talento de sobra para poder ocupar essas posições.

Stein também sabe aliar, como poucos, suas tarefas de editor a sua imagem social. Ele tem um estilo muito peculiar, participa de festas, comparece a eventos, concede entrevistas e vive cercado de gente jovem com quem certamente pretende trabalhar algum dia. O gesto acaba funcionando para o bem e para o mal: recupera o charme da revista e faz as pessoas pensarem que a vida de editor é uma diversão. Quem trabalha em editoras sabe que nada disso acontece. Há muito mais trabalho pesado do que badalação.

Quem quiser saber mais sobre essa figura pode ler o perfil publicado pelo New York Times.

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Como falo muito na Paris Review quero recomendar a reedição (com novo projeto gráfico) do Volume 1 - As entrevistas da Paris Review. Acabou de sair pela Companhia das Letras. Tem entrevistas imperdíveis de William Faulkner, Ernest Hemingway, Louis-Ferdinand Céline, Jorge Luís Borges, Ian McEwan, Paul Auster e Javier Marías, para citar alguns. O blog EM ALFA, do Ronaldo Bressane publicou alguns trechos sensacionais que servem como aperitivo.

*imagem: reprodução.

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Um comentário:

  1. Quero muito adquirir as Entrevistas da Paris Review. Deve ser imperdivel mesmo!

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